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Luciana Novaes

Rotulagem Nutricional: Isso Precisa Mudar


Apresentados durante o recente Congresso Latinoamericano de Nutrição, os primeiros resultados da avaliação da lei chilena sobre rotulagem, publicidade e venda de alimentos mostram que o impacto na redução da compra de bebidas açucaradas foi até maior do que a redução da compra de bebidas com os impostos no México: – “O Chile foi o país pioneiro na adoção do modelo de rotulagem de advertências e usamos esse modelo como inspiração para o que defendemos aqui no Brasil. Porém, a lei chilena é ainda mais abrangente pois proíbe a publicidade dirigida à crianças e a venda nas escolas de alimentos com selos. Destaco também que são diferentes os pontos de corte que eles utilizaram para identificação do conteúdo excessivo de nutrientes. A avaliação da lei está sendo realizada a partir de um marco conceitual, com diferentes indicadores que avaliam os efeitos a curto, médio e longo prazo. No momento, é possível medir os resultados apenas de curto prazo, como o comportamento dos consumidores, a exposição à publicidade, a reformulação dos produtos e o impacto nas decisões de compras”. explica Ana Paula Bortoletto do Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.


O Chile adotou alertas nos rótulos de alimentos, há dois anos. Mas será que os avisos sobre excesso de sal, açúcar e gorduras funcionam?

Essa é uma forma de criar um plano de ação: ele é pensado, executado e depois, por melhor que eu ache que ele seja, precisa ser avaliado.

A indústria tenta desacreditar esse modelo, tido como radical e responsável por assustar os consumidores. De outro lado, as evidências científicas indicam que é o melhor que se inventou até agora entre dezenas de sistemas diferentes.

A Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia) quer barrar a adoção dessas advertências, mas no Congresso Latino-americano de Nutrição, em Guadalajara, houve a divulgação de um conjunto de resultados que comprovam o bom funcionamento dos alertas. É uma das muitas medidas tentadas pelos governos para enfrentar a epidemia de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis.


Esse ano, Canadá, Peru e Uruguai decidiram também adotar os alertas. Os dois países sul-americanos optaram por modelos esteticamente parecidos ao chileno: octógonos com a inscrição “Alto em” para cada nutriente em excesso. A implementação se dará ao longo dos próximos dois anos nas nações vizinhas, e está prevista para 2022 no país do norte.


Como foi feita a análise para saber se essa ação teria uma repercussão positiva?

  • As pesquisadoras coletaram dados de 2.383 domicílios entre janeiro de 2015 e dezembro de 2017. Uma das conclusões é de que houve uma queda expressiva no consumo de bebidas adoçadas sujeitas a regulação, equivalente a 22 ml por pessoa por dia. Em calorias, a diferença entre antes e depois dos alertas foi de 8,5% por pessoa por dia.

  • Pesquisas com mães e adolescentes mostraram um alto grau de compreensão dos alertas, superior a 90% em ambos os casos. 35% das mães dizem levar em conta informação nutricional, contra 27% antes da medida. Os selos se converteram no principal elemento de decisão de compra. E há uma maior resistência a estratégias promocionais.

  • Também foram coletados dados de 12 mil produtos para comparar informações nutricionais antes e depois da implementação. No caso das bebidas, em açúcares totais houve uma queda média de 6,1 gramas por 100 mL para 3,8 gramas por 100 mL. Uma redução de cinco gramas por 100 gramas foi registrada entre os cereais. Nos queijos houve uma redução no sódio, de 705 miligramas por 100 gramas para 629.


Mudanças sobre o marketing: Inicialmente, a regulamentação da lei previa que produtos com selos não pudessem ser exibidos no intervalo de programas televisivos voltados ao público infantil. Depois, estendeu-se a medida a toda a programação entre 6h e 22h. Além disso, esses produtos não podem ser comercializados no ambiente escolar, nem podem exibir personagens nas embalagens.

Foram coletadas 2.016 horas de programação em várias emissoras. Os anúncios antes voltados a programas infantis se deslocaram a noticiários e filmes. A quantidade de publicidade de produtos “Alto em” caiu significativamente, mas não chegou a zero. Esse foi um dos elementos que convenceram o governo de que a restrição deveria ser estendida a toda a programação.


A Abia tenta desde o ano passado tenta desacreditar os alertas. A princípio, disse que o sistema não funcionava. Mas, após a decisão preliminar da Anvisa, emitiu um relatório falando que esse modelo provocaria uma redução de consumo tal que retiraria R$ 100 bilhões ao ano da economia

brasileira.


Fonte: https://www.abrasco.org.br.

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